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Como a alimentação influencia o comportamento e o desenvolvimento infantil
Quando pensamos em desenvolvimento infantil, logo lembramos das brincadeiras, da escola e dos aprendizados. Mas há um fator silencioso — e fundamental — que influencia tudo isso: a alimentação.
O que a criança come não alimenta só o corpo, mas também o cérebro, o humor e as emoções.
O cérebro precisa do combustível certo
O cérebro infantil está em constante crescimento e precisa de energia e nutrientes para funcionar bem. Uma alimentação equilibrada ajuda na atenção, memória, aprendizado e regulação emocional.
Quando faltam vitaminas e minerais, a criança pode apresentar:
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Irritabilidade;
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Dificuldade de concentração;
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Cansaço excessivo;
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Queda no rendimento escolar.
De acordo com Benton (2010), a dieta tem impacto direto na cognição e no comportamento infantil, influenciando até a disposição para aprender.

Açúcar e ultraprocessados: impacto direto no comportamento
O excesso de açúcar e de alimentos ultraprocessados causa oscilações de humor e energia.
Isso acontece porque o açúcar gera picos rápidos de glicose seguidos de uma queda brusca, o que pode deixar a criança agitada, irritada ou cansada.
Pesquisas apontam que aditivos como corantes e conservantes podem agravar sintomas de desatenção e impulsividade em algumas crianças sensíveis (Stevens et al., 2011).
💡 Dica prática: substitua bolachas e salgadinhos por frutas, castanhas ou iogurtes naturais.
Pequenas trocas fazem grande diferença no comportamento e na concentração.
Nutrientes que fazem a diferença
Alguns nutrientes são verdadeiros aliados do desenvolvimento infantil.
| Nutriente | Função principal | Fontes |
|---|---|---|
| Ômega 3 | Melhora concentração e memória | Peixes, chia, linhaça |
| Ferro e Zinco | Favorecem o raciocínio e a energia | Feijão, carnes, verduras verdes |
| Vitaminas do Complexo B | Regulam humor e energia | Ovos, cereais integrais |
| Triptofano | Estimula produção de serotonina (bem-estar) | Banana, cacau, leite |
| Vitamina D | Apoia imunidade e funções cerebrais | Sol, ovos, peixes |
Pesquisadores como Nyaradi et al. (2013) reforçam que a alimentação equilibrada está diretamente relacionada ao desenvolvimento cognitivo infantil.
Alimentação e sono também caminham juntos
Sono e alimentação são aliados invisíveis.
Refeições pesadas ou cheias de açúcar à noite prejudicam o sono — e, com isso, o comportamento no dia seguinte.
Estudos indicam que alimentos leves e fontes naturais de triptofano (como banana e leite morno) podem ajudar o corpo a relaxar e dormir melhor (Jacka et al., 2017).

O papel dos adultos
Crianças aprendem muito pelo exemplo.
A forma como os pais e cuidadores se relacionam com os alimentos é observada e imitada desde cedo.
Alguns hábitos simples fazem toda diferença:
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Comer junto sempre que possível;
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Oferecer variedade de alimentos, mesmo que a criança recuse no início;
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Transformar a hora da refeição em um momento agradável e sem pressa;
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Envolver a criança no preparo — escolher frutas, montar o prato, mexer a massa.
Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, o ato de comer é também um ato social e afetivo, que deve ser cultivado com presença e prazer.

Alimentação, comportamento e desenvolvimento: um trio conectado
Uma alimentação equilibrada não é apenas sobre saúde física.
Ela influencia emoções, aprendizado, socialização e autonomia.
O corpo bem nutrido pensa, sente e aprende melhor.
Por isso, cuidar da alimentação das crianças é também cuidar de seu crescimento emocional e cognitivo.
Conclusão
Alimentar bem é educar com amor e propósito.
Pequenas mudanças na rotina alimentar, como incluir mais alimentos naturais e reduzir ultraprocessados, podem transformar a forma como a criança se comporta, dorme, aprende e se relaciona.
A boa nutrição é uma das bases para o desenvolvimento pleno — físico, mental e emocional.
Referências
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Benton, D. (2010). The influence of diet on children’s behavior and cognitive development. Nutritional Neuroscience.
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Nyaradi, A., Li, J., Hickling, S., Foster, J., & Oddy, W. H. (2013). The role of nutrition in children’s neurocognitive development, from pregnancy through childhood. Frontiers in Human Neuroscience.
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Stevens, L., Kuczek, T., Burgess, J., Stochelski, M., Arnold, L. E., & Galland, L. (2011). Dietary sensitivities and behavioral effects in children. Journal of Child Neurology.
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Jacka, F. N., O’Neil, A., Opie, R., Itsiopoulos, C., Cotton, S., Mohebbi, M., & Berk, M. (2017). Nutrition and mental health in children and adolescents. Child and Adolescent Psychiatric Clinics.
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Guia Alimentar para a População Brasileira – Ministério da Saúde.